Uma prévia do que será dito em Davos. Assim está sendo aguardado o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva amanhã à tarde no Forum Social Mundial , em Porto Alegre. O presidente desembarca hoje às 20h50min na Capital, onde fica até amanhã à noite.
A controvérsia em torno da ida do presidente ao Fórum Econômico Mundial (WEF) cria expectativa em torno da fala. Mais do que reafirmar as prioridades do governo – que todos já conhecem –, Lula deve dizer que irá a Davos para propagar as posições do FSM, que coincidem com as de seu governo.
O presidente desembarca às 20h50min, depois de uma escala em Curitiba, e segue para o Hotel Sheraton. Amanhã pela manhã terá reuniões no hotel e ao meio-dia almoça com o governador Germano Rigotto no Piratini. Às 18h, fala no Anfiteatro Pôr-do-Sol. Ainda na sexta à noite, segue para Davos, na Suíça, onde no domingo fará uma palestra no encontro que ocorre no mesmo período do FSM, de 23 a 28. « O presidente vai a Davos para levar a mensagem do Fórum de Porto Alegre e afirmar as posições do governo. Ele é o presidente do povo brasileiro e não pode se negar a participar por preconceito político » disse ontem o secretário do Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro.
Tarso não acredita que Lula possa enfrentar constrangimentos no Fórum das esquerdas, com possíveis protestos contra a ida a Davos. O PSTU já decidiu que participará da caminhada que abre o FSM, a partir das 18h, do Largo Gênio Peres ao anfiteatro, com faixas e cartazes contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), os acordos com o FMI, a tentativa de golpe na Venezuela e a ida de Lula a Davos.
Segundo Júlio Quadros, da direção nacional do partido, militantes do PSTU vão repetir o refrão "Lula não vá a Davos" durante a caminhada. Quadros ainda não sabe se o partido reprisará o protesto amanhã à tarde, quando da fala do presidente no anfiteatro
O Planalto enviou a Porto Alegre, para a solenidade de instalação do Fórum, às 14h, na Pontificia Universidade Católica (PUC), o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci. Ele tem outra missão: acalmar setores da organização do FSM e do Movimento dos Tra alhadores Rurais Sem terra (MST) contrariados com a ida de Lula a Davos. Um dos principais críticos da viagem, o sociólogo Emir Sader, do conselho do Fórum, prevê que Lula reforçará em Porto Alegre seu principal projeto, o combate à fome. Mas Sader admite que «a imprensa mundial dará mais destaque à presença de Lula em Davos do que em Porto Alegre. Mesmo que os organizadores do FSM não admitam, Lula estará em Porto Alegre este ano como escala para o fórum do livre mercado. Em Davos, o presidente falará para no máximo mil pessoas – enquanto milhares irão ouvi-lo em Porto Alegre. Mas é de lá que seu discurso se propagará com maior força ».
Moisés Mendes – Agência RBS