Hoje, dia 5 de Fevereiro, 24 estados norte-americanos realizam eleições primárias ou convenções partidárias para a selecção dos delegados que, mais tarde, irão nomear os dois candidatos presidenciais, um republicano e outro democrata.
As eleições federais norte-americanas são diferentes das eleições na UE em diversos pontos. Entre as principais diferenças destaca-se o sistema bipartidário norte-americano (Republicanos e Democratas), a utilização de primárias ou de convenções partidárias e os montantes extremamente elevados que são aplicados no financiamento das campanhas.
Antes da esperada superterça-feira, perguntámos a alguns deputados ao PE se aplicariam algumas características destas eleições às eleições na UE.
Para o presidente da delegação parlamentar para as relações com os EUA, Jonathan Evans (PPE-DE), "os aspectos positivos consistem no forte impacto que a personalidade e a reputação dos candidatos têm, mais do que os próprios partidos políticos. Isto encoraja os políticos dos EUA a assumirem compromissos com os eleitores de uma forma muito mais eficaz do que a maior parte dos membros do Parlamento Europeu. No entanto, o dinheiro de que os candidatos dispõem constitui uma vantagem massiva e injusta".
"Nesta fase da campanha os candidatos procuram estar em contacto permanente com a população e expõem-se a debates televisivos extremamente difíceis, transmitidos em directo. Estes debates são geralmente úteis para o esclarecimento das pessoas. O sistema de eleições primárias poderia ser introduzido de forma útil nos nossos sistemas e seria fantástico ver os partidos europeus a organizar primárias para a eleição do Presidente da Comissão Europeia". São palavras de Monica Frassoni, eurodeputada italiana (Verdes/ALE), para quem "é certo que os elevados montantes investidos nas campanhas têm muito peso e que uma imprensa demasiado opinativa pode ser problemática. Nesse sentido, não gostaria que estes elementos fossem tão predominantes nas campanhas da UE".
Para o eurodeputado espanhol Enrique Barón Crespo (PSE), "o grande desafio que se coloca aos EUA é a sua organização enquanto democracia atractiva e vibrante, pelo que o exemplo americano está repleto de lições. As eleições primárias permitem uma democracia participativa e competitiva, baseada no envolvimento dos cidadãos. As eleições presidenciais são uma "corrida de obstáculos e de resistência" que não é controlada pelos partidos. O peso excessivo do dinheiro nas campanhas implica um empréstimo para governar".
"A democracia europeia desenvolveu-se internamente, tal como a democracia dos EUA se desenvolveu nos EUA. E o desenvolvimento interno é sempre mais saudável. Estamos preocupados com a baixa participação eleitoral, mas essa participação ainda é mais baixa do outro lado do Atlântico. E se permitirmos que os nossos estrategas políticos copiem os homólogos dos EUA, a confiança pública nos políticos diminuirá ainda mais", Graham Watson, eurodeputado inglês (ALDE).
Para saber mais :
Delegação do PE para as relações com os EUA
Que diferenças entre os parlamentares dos dois lados do Atlântico?
Eleições nos EUA