O sucesso do Fórum Social Mundial garantiu que Porto Alegre terá um novo evento em 2002. Esse, porém, não será o único. O Comitê Organizador do Fórum decidiu fazer vários encontros em todo o mundo no próximo ano.
Um fórum com o alcance e o tamanho do realizado em 2001 só ocorrerá uma vez a cada dois anos. Nos intermediários, serão feitas várias rodadas em diversos países.
Conforme Francisco Whitaker, secretário-executivo da Comissão de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) uma das oito entidades que compõe o comitê , o grupo decidiu trabalhar com os conceitos de "multipolaridade", nos anos pares, e "monopolaridade", nos ímpares. "É uma opção extremamente inovadora", afirmou Whitaker.
Segundo o organizador, a intenção é firmar a marca Fórum Social Mundial Porto Alegre-Davos como uma grife de debates e de procedimentos de abordagem. Whitaker justificou a decisão dizendo que o objetivo dos organizadores não é desenvolver megaeventos no Brasil, mas espalhar a discussão sobre alternativas ao modelo econômico e político pelo mundo inteiro.
Para 2002, adiantou, já existem propostas de encontros em Buenos Aires (Argentina) e Atenas (Grécia). Delegados da África do Sul também manifestaram interesse, mas o país já teria uma agenda muito cheia para 2002. Repetir o Fórum em Porto Alegre, conforme Whitaker, não foi uma decisão da comissão. "Porto Alegre se impôs, porque agora tem uma bruta experiência acumulada".
Embora haja outros candidatos, só Porto Alegre já começou a planejar o encontro de 2002. O presidente regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo, marcou uma reunião preparatória para as 19h do dia 27 de março, na Assembléia Legislativa.
Assim como a decisão sobre o local de realização dos próximos fóruns, disse Whitaker, o comitê decidiu por uma forma alternativa de divulgar os resultados do encontro. Por entender que um único documento final "empobreceria" as centenas de oficinas e debates realizados nesses quatro dias, os organizadores optaram por oferecer, na Internet, todas as propostas apresentadas.
"Nosso documento final é esse conjunto de documentos. Não queremos um pensamento único em lugar do atual, ainda estamos construindo esse novo mundo que queremos, tomando parcelas de poder", reiterou Whitaker.
Oded Grajew, coordenador nacional da Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania e um dos principais articuladores do Fórum, disse que a decisão é um exemplo de como é possível chegar a um consenso pela via da negociação quando há objetivos e interesse comuns. "Ficamos muitas noites reunidos até 3h, mas valeu a pena. O Fórum teve um resultado muito acima do esperado. Tivemos entre 15 mil e 20 mil pessoas envolvidas, o que mostrou uma rica diversidade que agora começaremos a mostrar", resumiu.
Marta Sfredo
Agência RBS