A transformação do Fórum Social Mundial em um encontro bienal foi uma das alternativas apresentadas ontem no primeiro dia de reunião do Conselho Internacional e do Comitê Organizador do evento. O encontro, realizado na PUCRS, em Porto Alegre, se encerra hoje, quando deve ser anunciado o futuro do Fórum.
Caso seja aprovada, a proposta contemplaria a multiplicação e o fortalecimento de fóruns regionais. A solução, indicada por representantes das cerca 150 entidades que compõem o Conselho, pode ser adotada caso a Índia não confirme o convite de sediar o Fórum Social Mundial de 2004. O Conselho Internacional depende apenas da resposta de entidades daquele país para confirmar a sede da próxima edição do evento. «A prioridade do Conselho hoje é a Índia. A permanência em Porto Alegre, a transformação em evento bienal e outras propostas seriam nossos planos B e C. Mas ainda não há decisão tomada. Surgiram idéias novas, e tudo ainda está sendo estudado », explicou Francisco Whitaker, membro do comitê organizador.
Segundo Whitaker, entidades indianas que organizariam o Fórum Social na cidade de Hyderabad pediram mais tempo para dar a resposta final. « Eles já disseram que assumem o evento em 2004, mas gostariam de ter mais o mês de fevereiro para ver ser é possível congregar todos os movimentos sociais da Índia e as forças populares em torno da realização do Fórum ».
Para Cândido Grzybowski, também integrante do comitê, a retirada do Fórum da Capital e a reavaliação do formato atual têm o objetivo de contornar problemas ocasionados pelo crescimento espantoso que o fórum teve desde a primeira edição. «O evento tomou uma dimensão gigantesca. Queremos que penetre em todos os lugares, e que esse pólo de discussões que acontece aqui hoje se multiplique pelo mundo », explicou.
Ontem, membros do comitê e do conselho divulgaram o balanço financeiro do Fórum deste ano. O custo total de realização do evento ficou em US$ 23,4 milhões. Desse valor, US$ 20 milhões foram destinados à vinda de delegados que, segundo a organização, custearam os gastos. O restante, US$ 3,4 milhões, foi o custo direto dos organizadores com o evento. Entre as receitas, foram arrecadados US$ 800 mil com as taxas de inscrição dos 30 mil delegados, US$ 600 mil de repasse dos governos municipal e estadual, US$ 400 de patrocínio do Banco do Brasil e Petrobras, US$ 291 mil referentes a sobra de caixa do ano passado, além de doações recebidas por fundações e organizações.