"As políticas e respostas europeias em matéria de droga devem ser actualizadas de forma a fazer face aos desafios da próxima década", avança Wolfgang Götz, Director do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT).
O relatório confirma as tendências recentes: a substituição gradual da cocaína tradicional, da marijuana e dos opiáceos por novas drogas sintéticas. "O aumento do consumo de substâncias psico-activas não sujeitas a controlo é extremamente preocupante", afirmou o eurodeputado espanhol López Aguilar (S&D), Presidente da comissão parlamentar das Liberdades Cívicas, Justiça e Assuntos Internos, apelando a mais e melhor informação junto das camadas mais jovens da população, sobre os elevados riscos associados a estas drogas.
O ecstasy, as anfetaminas e as outras drogas sintéticas são fabricados ilegalmente na Europa com químicos importados. Cerca de 11 milhões de europeus já experimentaram ecstasy e cerca de 12,5 milhões tomaram anfetaminas.
Todos os anos chegam novas drogas ao mercado e em 2010 foi identificado um número recorde de 41 novas substâncias. Estas drogas estão cada vez mais disponíveis na Internet e entraram em diversos Estados-Membros, que têm dificuldade em conseguir evitar a sua venda.
Cannabis e cocaína em baixa
De acordo com o relatório, o consumo de cannabis – a droga ilícita mais utilizada na Europa – continua a diminuir entre os jovens, o que poderá estar relacionado com a diminuição do consumo de tabaco, a mudança do estilo de vida e a sua substituição por drogas mais actuais. Cerca de um em cada quatro adultos europeus experimentou cannabis e os jovens do sexo masculino continuam a correr o risco de se tornarem consumidores frequentes.
Estudos recentes indicam que o consumo de cocaína tem diminuído na Europa ocidental, onde era mais elevado. Ao preço de €50-€60 por grama e em tempos de austeridade, é provável que os consumidores regulares a considerem menos atractiva. Estima-se que cerca de 14,5 milhões de europeus tenham experimentado cocaína.
Resposta europeia: coordenação é palavra-chave no crime transnacional
As políticas nacionais em matéria de droga diferem muito de Estado-Membro para Estado-Membro e continuam a ser essencialmente da responsabilidade dos países, mas o carácter transfronteiriço do problema faz com que os países da UE trabalhem juntos para reduzir o consumo e o tráfico de drogas ilícitas.
Com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa, a União Europeia passou a dispor de novas ferramentas para lidar com o problema da droga. Em Outubro, a Comissão Europeia anunciou que irá propor regulamentação mais clara e exigente no que se refere ao tráfico e ao consumo de novas drogas, incluindo normas sobre confiscação e recuperação de bens resultantes do tráfico de droga.