Cores, raças, indumentárias e idiomas de várias partes do mundo se uniram no final da tarde de ontem num desfile pelo centro de Porto Alegre na Marcha contra o Neoliberalismo e pela Vida. A caminhada reuniu milhares de participantes do Fórum Social Mundial. Ao som de tambores que reproduziam a conhecida batida do grupo baiano Olodum, a marcha saiu às 18h40min do Largo Glênio Peres e, uma hora depois, chegava com seus primeiros participantes ao Anfiteatro Pôr-do-Sol, na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, às margens do Rio Guaíba.
O governador Olívio Dutra caminhou todo o trajeto na primeira fila segurando a faixa com o nome da marcha, acompanhado da vice-governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva (PT), da senadora Emília Fernandes (PDT), do prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, do presidente nacional do PT, José Dirceu, e do presidente de honra do partido, Luiz Inácio Lula da Silva. Políticos de outros Estados e estrangeiros como o ex-ministro do Interior da França, Jean-Pierre Chevenement, e o jornalista francês Bernard Cassen, diretor do jornal Le Monde Diplomatique, também palmilharam todo o trajeto.
A caminhada cruzou a Avenida Borges de Medeiros do Largo Glênio Peres até a altura da Avenida Ipiranga, sempre ocupando toda a largura da pista do sentido Centro-bairro. Quando os manifestantes cruzaram o Viaduto dos Açorianos, entoaram o hino de protesto dos anos 60 Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, de Geraldo Vandré, acompanhado pelo ritmo dos tambores.
Logo depois, o aviso de um dos policiais militares para que os manifestantes dobrassem à direita em direção ao anfiteatro provocou uma resposta bem-humorada de alguns. "Aqui ninguém dobra à direita não, só à esquerda", responderam. Do alto dos caminhões de som políticos e representantes de delegações de outros países se revezavam exaltando o Fórum Social Mundial e fazendo críticas ao encontro de Davos, na Suíça.
As delegações eram facilmente identificadas por seus cartazes, bandeiras ou bonés e camisetas. Quatro jovens com pernas-de-pau conduziam uma faixa produzida pelos alunos do Instituto Profissionalizante Murialdo, do Morro da Cruz, com a inscrição "Você tem fome de quê?". "Estamos protestando contra a violência e a exclusão", disse a coordenadora Isabel Azevedo.
A Associação Cultural José Martí, sediada em Porto Alegre, conduzia uma faixa com a bandeira e a efígie do patrono da independência cubana. De acordo com a presidente, Evangelina Veiga, a associação defende a auto-afirmação dos povos e apóia em 100% o regime político de Cuba. "É o único país que se opõe ao grande império".
Da Itália, um grupo de 200 pessoas representou o Comitê contra a Organização Mundial do Comércio (OMC). O comitê defenderá no Fórum a realização de uma manifestação de protesto durante a reunião da OMC prevista para julho, em Gênova.
Rodimar Oliveira e
Poti Silveira Campos
Agência RBS