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Date :  2005-06-15
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Grande traz micro para gestão responsável

Gigantes do setor empresarial que exercem responsabilidade social impulsionam a prática em pequenas empresas, afirma Instituto Ethos

Source :  PNUD/UNDP


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A grande empresa é “estratégica” para a disseminação do movimento de responsabilidade social, porque estende esse processo à sua cadeia produtiva e alcança as médias, pequenas e micro empresas. Para o diretor-executivo do Instituto Ethos, Paulo Itacarambi, o efeito dominó é uma das maneiras mais eficientes de alastrar a cultura da gestão com “responsabilidade sobre os efeitos que as decisões de negócio têm sobre a sociedade, sobre o meio ambiente e sobre a economia”.

Apesar de achar que as empresas ainda não implantaram de maneira profunda a responsabilidade social em sua seus processos corporativos, Itacarambi acredita que “daqui a dois ou três anos nós tenhamos um processo muito mais avançado do que agora, porque o bonde está nos trilhos. Se conseguirmos levar isso [a gestão responsável] para a cadeia produtiva, para as relações comerciais — e é esse caminho que nós estamos incentivando as empresas a seguirem —, a responsabilidade social produzirá um impacto ainda mais positivo para as Metas do Milênio”.

No segundo cargo mais alto do instituto que reúne mais de mil empresas — que, somadas, têm um faturamento anual equivalente a 30% do PIB (Produto Interno Bruto) —, Itacarambi revela a intenção de criar “uma campanha com esse conjunto de empresas [ligadas à responsabilidade social] para construir um compromisso público de combate à corrupção, no governo e fora do governo”.

O diretor-executivo ainda destaca que “é preciso estar atento” para que o setor privado não se aproveite de falsas ações de responsabilidade social para obter lucro ou prestígio. “É bom que ela [a empresa] fale o que está fazendo, porque aí ela se compromete e permite que seu consumidor, que seu funcionário, que seu cliente, que seus fornecedores a vigiem. Porque dirão: “ah, você não disse que era socialmente responsável? Cadê a coerência?”, completa.

Depois de mediar um debate sobre a corrupção no Brasil, um dos mais quentes da Conferência Internacional 2005 — Empresas e Responsabilidade Social, realizada pelo Instituto Ethos e pelo PNUD, Itacarambi concedeu uma entrevista à PrimaPagina. Confira abaixo os principais trechos.

O sr. acha que as empresas têm feito o suficiente para que o Brasil atinja os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio?

Paulo Itacarambi
— O suficiente, não. Eu acho que as empresas começaram a se engajar nisso, elas iniciaram esse processo. Acho que nós estamos no caminho certo, mas ainda tem muito por fazer no trabalho junto às comunidades; no trabalho articulado com políticas públicas, e também internamente às empresas. Tratando, por exemplo, da questão da eqüidade interna, da valorização da mulher e do negro. Se a empresa consegue ter um quadro interno no qual os negros, as mulheres, as pessoas com deficiências, as pessoas de maior idade estão ocupando cargos de maior salário, nós estaremos falando de distribuição de renda. E aí nós estamos falando de atingir algumas das Metas do Milênio. Se a empresa procura trabalhar a questão das suas políticas, das suas decisões de investimento, ou de mudanças operacionais considerando a questão do emprego, e não apenas decisões de curto prazo, ela está trabalhando nessa dimensão das Metas do Milênio. Então existem várias coisas ainda em que precisamos aprofundar nessa reflexão, mas eu diria que as empresas colocaram pra si a importância de tratar esse assunto. Responsabilidade social e empresarial precisa ter impacto na realidade. E uma maneira de medir o impacto na realidade é por meio das Metas do Milênio.

Então o sr. acha que os Objetivos do Milênio já foram efetivamente incorporados pelas empresas?

Itacarambi
— Nós temos que construir as Metas do Milênio brasileiras. Porque vemos que aquelas metas são um consenso global, para diversos países. Nós temos que aplicá-las a nossa realidade, regionalizar o entendimento daquelas metas — não dá para trabalhar com médias nacionais, temos que trabalhar por região, pegar aqueles indicadores e pensar em termos de região. Nós temos que acrescentar àqueles indicadores outros indicadores e estabelecer quais são as metas da sociedade brasileira e persegui-las. Se conseguirmos isso, essas metas poderão guiar essa reflexão das empresas, no sentido buscar resultados sociais, econômicos e ambientais juntos, e certamente guiarão a ação dos governos. Porque se a sociedade estabelecer metas sociais, como se tem metas de inflação ou metas de crescimento da produção, se pudermos estabelecer metas que a sociedade busque, todo governo terá que buscar.

E o sr. acha que essa aplicação das metas dentro das empresas seja uma prática comum? Porque, por exemplo, uma empresa pode desenvolver uma ação de responsabilidade social muito vistosa, mas dentro de sua organização não ser igualitária em sua estrutura, sonegar impostos, enfim, não adotar uma ética corporativa a exemplo da ação de responsabilidade que ela desenvolve. Como o sr. vê isso?

Itacarambi
— Primeiro, nós precisamos esclarecer o que é ação de responsabilidade social. Às vezes existe o entendimento errado de que apoiar projetos sociais, apoiar projeto na comunidade seja ação de responsabilidade social, e de que o que se faz dentro da empresa não é ação de responsabilidade social. Essa visão está incorreta. Responsabilidade social é gerir o negócio com responsabilidade sobre os efeitos que as decisões de negócio têm sobre a sociedade, sobre o meio ambiente e sobre a economia. Então, responsabilidade social são decisões de negócio, decisões de gestão. A parte do projeto com as comunidades, o projeto social, é um dos aspectos da responsabilidade social.

E a parte de aplicar a responsabilidade social na estrutura empresarial? É uma prática comum?

Itacarambi
— Ainda é pouco. Nós poderíamos dizer o seguinte: na direção das empresas, os empresários já entenderam que responsabilidade social é importante para a sociedade e para os seus negócios; agora, os funcionários, os gerentes, ainda não. Ainda são poucas também as empresas que utilizam os critérios de responsabilidade social, por exemplo, na hora de fazer uma compra, na hora de decidir por um fornecedor que paga direitinho seus impostos, que contrata direitinho seus funcionários, que não degrada o meio ambiente. Isso ainda não está internalizado nas empresas. Já existem algumas empresas que estão fazendo isso, e nós estamos procurando transferir esse conhecimento de algumas poucas empresas para as demais. Eu acredito que daqui a dois ou três anos nós tenhamos um processo muito mais avançado do que agora, porque o bonde está nos trilhos. Se conseguirmos levar isso para a cadeia produtiva, para as relações comerciais — e é esse caminho que nós estamos incentivando as empresas a seguirem —, a responsabilidade social produzirá um impacto ainda mais positivo para as Metas do Milênio.

O filme “Quanto vale ou é por quilo?”, dirigido por Sérgio Bianchi, critica o uso, com fins lucrativos, de ações voltadas a pessoas carentes. O sr. mesmo disse que existem muitas empresas que querem ser reconhecidas como socialmente responsáveis. Existe o risco de isso acontecer no setor empresarial?

Itacarambi
— O que vale para as empresas vale para qualquer organização. Toda organização — ONGs, sindicatos, Instituto Ethos, universidades, órgão governamentais — deve se comportar com responsabilidade social. O filme mostra uma ONG se aproveitando de uma onda e ganhando com isso. Nós precisamos estar atentos para não permitir que isso aconteça. E qual a melhor maneira de não permitir que isso aconteça? É vigiando. Se uma empresa está realmente fazendo alguma ação, se entrou nesse processo de responsabilidade social, é bom que ela diga. É bom que ela fale o que está fazendo, porque aí ela se compromete e permite que seu consumidor, que seu funcionário, que seu cliente, que seus fornecedores a vigiem. Porque dirão: “ah, você não disse que era socialmente responsável? Cadê a coerência?” Então, quanto mais as empresas declararem publicamente o que estão fazendo, melhor.

Isso por um lado, porque a sociedade e o mercado vão exigir coerência. Por outro, é bom que as empresas declarem, porque quem declara é valorizado. E aí as empresas vão ver que, quanto mais elas se comprometem com a sociedade e com o meio ambiente, mais elas são valorizadas. Agora, precisa ter coerência. Falar que faz e não fazer traz prejuízo, a empresa certamente vai ser prejudicada. Porque a mídia ou o funcionário ou o cliente vai informar, e ela perderá a confiança de todos.

Muitas empresas têm uma boa imagem pública em decorrência de alguns projetos que desenvolvem ou apóiam. Por outro lado, sabe-se que muitos empresários financiam campanhas eleitorais por meio do chamado caixa dois, com doações que não são declaradas publicamente. Nesse sentido, o empresário age como corruptor. Como o sr. vê isso?

Itacarambi
— É importante não generalizar. Não são todas as empresas que doam por fora. Existem empresas que doam sem mostrar em sua contabilidade. Existem, ainda, empresas que doam passando pela contabilidade, mas que não querem ser identificadas. Portanto, não declaram que fizeram a doação e isso permite que a pessoa que recebeu a doação também não declare, e isso permite construir o caixa dois na campanha. Quando a empresa doa para uma determinada campanha, é fundamental que ela exija o registro disso. E é importante também que ela não permita que nenhum funcionário dela faça uma doação sem contabilizar na empresa, porque é isso que vai permitindo a eleição de pessoas que vivem na ilegalidade. E daí vai crescendo o número de representantes da ilegalidade, que vão prejudicar a empresa, prejudicar a sociedade e prejudicar o desenvolvimento da economia.

Mas o sr. acha que as doações das empresas têm alimentado a corrupção?

Itacarambi
— Eu estava comentando, na conferência, que as empresas ainda não se voltaram muito forte para trabalhar esse tema com profundidade. Eu acho que nós precisamos trabalhar isso com profundidade, porque esse conjunto de empresas que está envolvido nesse processo de aprofundar a responsabilidade social tem interesse de que tudo se faça na legalidade. Porque certamente elas são prejudicadas por outras empresas que atuam de forma ilegal. elas perdem competitividade para essas outras. Por exemplo, se um número grande de empresas não paga impostos, a base tributária fica reduzida e aí quem paga vai ter que pagar mais. Se todo mundo pagasse, a base tributária seria mais ampla e o Estado receberia o mesmo valor cobrando menos. Se as empresas que degradam o meio ambiente fossem prejudicadas no mercado, se seus consumidores não comprassem seus produtos, o resultado seria positivo para as empresas que respeitam a lei ambiental. Isso é bom para as empresas que respeitam a lei. Porque aquelas que não respeitam terminam criando custos para a sociedade que serão cobertos com impostos.

O Instituto Ethos pretende desenvolver alguma ação voltada a essa questão, a exemplo do que foi feito em relação ao trabalho escravo?

Itacarambi
— Nós pretendemos trabalhar no sentido de fazer uma campanha com esse conjunto de empresas para construir um compromisso público de combate à corrupção, no governo e fora do governo. No mercado também.

Os empresários freqüentemente apontam os impostos e a burocracia do governo como obstáculos para suas atividades. A responsabilidade social enfrenta algum obstáculo nesse sentido?

Itacarambi
— Eu acho que o principal obstáculo para o avanço da responsabilidade social ainda é o “como fazer?”. É um assunto novo, é um processo de aprendizagem. A cultura de gestão das empresas, durante anos e anos, décadas e décadas, foi formada no sentido de ela se voltar apenas para a produção do lucro. Na hora que nós temos que buscar equilibrar o resultado do lucro com o resultado social e o resultado ambiental, precisa aprender tudo de novo. E trabalhar na mudança da visão não apenas do empresário, do presidente da empresa. É a mudança de visão das pessoas que trabalham na empresa, do consumidor, do investidor. Uma empresa não será socialmente responsável se seus funcionários não forem, porque são as ações que importam. Esse é um trabalho de conscientização, de mudar o mapa mental do “como fazer negócio”. Uma outra visão sobre negócio. E isso exige desenvolvimento de conhecimento de uma nova cultura. Então, essa é a grande dificuldade.

E como estimular isso?

Itacarambi
— Existem agentes no mercado e fora do mercado que são indutores de um novo comportamento. Quanto mais esses agentes estiverem engajados nesse processo, mais rapidamente esse movimento avança. Quanto mais a mídia estiver envolvida; as universidades; os sindicatos; as ONGs que formam opinião pública; o governo, utilizando as compras governamentais como uma forma de incentivar um comportamento socialmente responsável; os bancos de fomento; o mercado financeiro; os bancos [privados], olhando o balanço social da empresa, e não só o balanço econômico na hora de dar o crédito; os fundos de pensão, que podem utilizar esse critério para decidir seus investimentos — e eles já estão desenvolvendo um programa dessa forma em parceria com o Instituto Ethos. Então, quanto mais esse processo for rápido, mais o movimento avança e aí mais facilmente se superam esses obstáculos de conhecimento do “como fazer?”.

A impressão que se tem é que a responsabilidade social fica mais concentrada nas grandes empresas. As pequenas e médias empresas estão aderindo ao movimento?. É muito caro desenvolver ações de responsabilidade social?

Itacarambi
— É só uma impressão. No banco de práticas do Instituto Ethos é possível verificar práticas de pequenas empresas: 40% das empresas associadas ao Ethos são pequenas empresas.

Bom, mas então está concentrado, já que o número de pequenas empresas é maior.

Itacarambi
— A quantidade de pequenas empresas no Brasil é 96%. Então, o número que está participando em relação à quantidade é pequeno. Mas, nesse processo de implantação da responsabilidade social, a grande empresa tem um papel fenomenal porque ela implanta a responsabilidade social não só nela, mas na cadeia produtiva, e por aí ela alcança a pequena empresa. A grande empresa é estratégica nesse sentido. Imagine que fosse o contrário, se só a pequena empresa tivesse nesse movimento. A gente não iria longe. Que bom que a grande empresa está envolvida, porque, se nós queremos mudar o processo de gestão, a grande empresa precisa estar envolvida. E naturalmente isso vai se expandindo para as médias e pequenas empresas, como já está acontecendo.


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