O calor na Capital, a presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e de seu colega da Venezuela, Hugo Chávez, a diversidade cultural do encontro, as lutas contra o neoliberalismo e os protestos contra o presidente americano George W. Bush atraíram as atenções dos correspondentes estrangeiros.
A jornalista, escritora e deputada espanhola Pilar Rahola, que participou de debate no Fórum, ironizou no artigo "Porto Alegre não bebe Coca-Cola" no jornal El País, da Espanha, o boicote a refrigerantes de marcas importadas sugerido pela organização do evento. A jornalista fez pesadas críticas ao que definiu como "dogmatismos antilibertários, maniqueísmo e desprezo aos valores da democracia" de parte dos organizadores e participantes do encontro. Na avaliação de Pilar, depois de ter constatado que em nenhum lugar do Fórum era possível comprar "a malvada" Coca-Cola, o "fórum da liberdade começava proibindo".
Dedicada à luta contra o anti-semitismo, Pilar criticou setores da esquerda que assumem a condição de "proprietários exclusivos dos grandes conceitos de solidariedade". Para ela, foi uma falha da edição deste ano a ausência de homenagens a vítimas judias do Holocausto, no mesmo período em que o mundo lembrava o 60º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia.
Enquanto Ernesto Che Guevara, Bob Marley e Vladimir Lenin ilustravam cartazes no Acampamento da Juventude, o correspondente na Capital da BBC inglesa Steve Kingstone afirmou na reportagem "Unidade e diversidade na 'outra Davos" que o "espírito do capitalismo também está vivo" no Fórum. Segundo o jornalista, ambulantes vendiam cachorros-quentes, água e bonés, principalmente quando o calor subia. Kingstone também fez menção à presença de Lula ao encontro e à polêmica sobre se usou ou não um colete à prova de balas.
A visita de Lula atraiu a atenção dos correspondentes. Todd Benson, do americano The New York Times, relatou que, entre aplausos e vaias, o presidente se definiu como defensor dos pobres. O texto destacou que Lula teve de competir com uma "cacofonia de vaias de um grupo de manifestantes", alguns deles ex-petistas.
Anna Mitchell, da BBC, disse que o Fórum foi um encontro "quente e exaustivo", mas que "valia a pena" participar. Já o jornal Le Monde, da França, destacou o fato de o Fórum ter se encerrado com "propostas concretas". Francisco Peregil, do El País espanhol, percebeu o Fórum numa "encruzilhada", na qual os ativistas acreditam ter avançado, mas sem chegar a um acordo sobre o futuro do evento.