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Date :  2002-07-23
langue :  Portugais
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Ciber-geração

Ciber-geração

Source :  In-Suk Cha


A «ciber-geração», geração da informação ou simplesmente da Internet, é filha da cabeça de hidra das tecnologias da comunicação originadas das invenções do telégrafo, do telefone, do rádio, da televisão e do computador. Enquanto meio pelo qual os computadores do mundo inteiro podem conectar-se, a Internet é capaz de uma teledifusão global instantânea, e, portanto, tornou-se um meio de comunicação que dissemina grandes quantidades de informação. Além disso, a Internet é um suporte para a interação entre indivíduos em qualquer lugar do mundo em que estejam. Essas três capacidades: teledifusão global, disseminação da informação, e o fato de permitir a indivíduos em qualquer lugar do mundo comunicarem-se uns com os outros, combinam-se com suas próprias possibilidades, as das instituições sociais e da psicologia humana, para formar os ingredientes básicos do conceito de ciber-geração.

Como qualquer outra tecnologia, a ciber-tecnologia transforma constantemente o mundo, interagindo com ele e até mesmo tornando-se uma parte dele. Criadora de uma outra realidade, ela leva seus utilizadores a ver o mundo de uma maneira especial e a agir com os outros de modo igualmente singular.

Novas indústrias cresceram graças ao ciber-espaço e, em torno dele, novos crimes evoluíram e velhos demônios humanos encontraram novos meios de se desenvolver, na velocidade das altas tecnologias. “Hackers” (intrusos), geralmente jovens e talentosos, são capazes de entrar nos arquivos mais secretos de qualquer organização, seja dos serviços secretos de um Estado ou de uma sociedade comercial. Os hackers também podem atacar negócios e comércios enviando messagens “infectadas” que ordenam aos computadores que as recebem a destruição de todos os seus arquivos e o envio do vírus aos outros computadores conhecidos do destinatário. Novas leis foram propostas para combater o ciber-crime, e leis existentes foram utilizadas contra ele. Mas, inevitavelmente, essas leis são interpretadas diante de cortes de justiça reais, e não virtuais…

Várias das doenças criminais da Internet têm um mesmo fio condutor: seus usuários são “identidades auto-criadas”, além de anônimas. Como os sites Internet são muito numerosos no mundo, não existe meio aceitável de verificar entre os fornecedores de informação aqueles que são realmente o que pretendem ser. É por isso que se observa casos de simples estudantes lidando talentosa e perigosamente com a bolsa de valores, ou pretendendo ser, legalmente, especialistas jurídicos ou de qualquer outra área. Muitas vezes, quando as verdadeiras identidades dos impostores são reveladas, seus conselhos continuam sendo buscados, como se a realidade virtual tivesse moralidade e poderes suficientes para infundi-los no mundo real.

Esse fenômeno que consiste em contar com a opinião de um especialista auto-proclamado, não é uma novidade da Internet, e também não corresponde à tendência de alguns indivíduos para radicalizar seu julgamento pelo encontro exclusivo daqueles que partilham a mesma idéia. O ciber-espaço só facilita esse tipo de especialização e de polarização de grupos para aqueles que se deixam tentar por ele. Por esse motivo, o temor muitas vezes expresso de que a Internet possa levar as pessoas a fecharem-se em grupos, continua sem provas à luz da história. Trata-se de um temor do mesmo tipo que a idéia de que apenas certos países seriam capazes de se governar, ou de que a imprensa marcaria o fim das idéias importantes porque as massas instruídas exigiriam o abandono dos conceitos.

Enquanto isso, a globalização de algumas das idéias mais avançadas e mais apreciadas pela humanidade é realizada graças à Internet. Em parte graças a ciber-universidades, em parte também graças às mais rigorosas pesquisas teóricas e análises empíricas. A globalização de uma parte das idéias mais nobres da humanidade acontece porque os oprimidos e, como é muitas vezes o caso, aqueles que querem ajudar os oprimidos, buscam a razão e a legitimidade da sua causa submetendo-a ao mundo inteiro.

O ciber-espaço continuará a mudar nossos modos de vida de modo considerável. Fala-se, assim, por exemplo, de “ciber-moeda”. O mundo da edição já está sentindo os efeitos da “ciber-edição” e já se fez a experiência dos livros impressos “sob encomenda”. Que cada vez mais pessoas não lerão mais nada “em profundidade” é também uma possibilidade, mas o próprio ato de leitura deve ser desenvolvido de modo relacionado à utilização dos computadores. Estatisticamente, podemos até mesmo prever que o número de pensadores e de “verdadeiros leitores” aumentará à medida que os educadores começarem a insistir sobre a importância crescente dos modos de seleção e de transformação da ciber-informação em conhecimento, graças à reflexão crítica.

Milhões de indivíduos no mundo inteiro têm atualmente acesso aos computadores. Simultaneamente, milhões ainda não têm acesso. No entanto, no ciber-espaço, idealistas desejam que suas vantagens tornem-se disponíveis para todos. Por que um nômade ferido, por exemplo, não poderia ter acesso ao melhor diagnóstico médico possível graças a um computador? A esse respeito, parece que os idealistas, apesar de suas ações pouco organizadas, são mais numerosos que os criminosos ou os fanáticos do ciber-espaço. As manifestações da vida “real” nas nossas ruas e nas nossas telas de televisão indicam que a Internet não é tão grande quanto temem aqueles que especulam sobre o fim das relações sociais. O ciber-espaço é uma ferramenta tecnológica única, mas não é a única força de transformação dos nossos modos de vida. A educação e a racionalidade são duas outras dessas forças, e com elas a ciber-tecnologia pode ser estudada e compreendida sob a égide de uma cidadania mundial. Jornais como o Philosophy of Technology ou o Science, Technology & Human Values levam em conta essa missão, bem como os numerosos processos sobre as questões de violação de privacidade e de fraudes de todo tipo no ciber-espaço. Basta digitar filosofia e ciber-espaço ou “tecno-realismo” no seu endereço de busca preferido, para perceber até que ponto a ciber-geração é definida pelos modos de vida que ela contribui para definir.


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