O Fórum Social Mundial começa hoje sob o signo da polêmica. Na última escala de uma viagem de 10 dias que se encerrou na Cidade do Cabo, na manhã de ontem, o presidente Fernando Henrique concedeu uma entrevista exclusiva à jornalista Ana Amélia Lemos, da RBS, em que questionou o apoio financeiro do governo do Estado ao Fórum Social Mundial, entre outras críticas ao Executivo gaúcho (veja a íntegra no site www.clicrbs.com.br).
Ontem à tarde, o governador Olívio Dutra (PT) convocou coletiva de imprensa para divulgar uma nota oficial respondendo ao presidente. Olívio não respondeu às perguntas feitas pelos jornalistas sobre o assunto, com a alegação de que a nota respondia os questionamentos. Também foi distribuído um relatório sucinto dos gastos do governo do Estado com o Fórum (R$ 970 mil), conforme o governo. À margem do texto, Olívio se permitiu uma ironia a respeito de FH: "O presidente está mal informado ou sob o efeito de outro fuso horário para ter feito essas declarações", disse o governador.
O Fórum Social Mundial (FSM), que visa a ser um contraponto ao Fórum Econômico de Davos (WEF), deve reunir 3,5 mil delegados no Centro de Eventos da PUCRS até o dia 30. Segundo os organizadores, estarão representados 122 países. Depois da abertura solene, às 15h de hoje (dia 25), no Centro de Eventos, haverá a Marcha pela Vida e Contra o Neoliberalismo, ponto alto do primeiro dia.
A marcha sai do Largo Glênio Peres, passa pelas avenidas Borges de Medeiros e Ipiranga e se encerra no Anfiteatro Pôr-do-Sol, para onde foram programados quatro shows. As conferências e as mais de 400 oficinas se iniciam na sexta-feira.
A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) terá cem agentes de fiscalização de trânsito orientando o fluxo de veículos durante o Fórum, nas próximidades da PUCRS, do Anfiteatro Pôr do Sol e em outros locais onde acontecerão as reuniões. O trânsito na Borges de Medeiros será interrompido a partir das 17h de hoje devido à marcha. Os motoristas terão de seguir pela Praça Argentina, Osvaldo Aranha e pelo Túnel da Conceição para quem vai ao Centro. Os ônibus também serão desviados, informa Vanderlei Cappellari, gerente de fiscalização de trânsito.
A Brigada Militar terá um efetivo de 1,3 mil homens atuando no policiamento ostensivo. Os policiais acompanharão a marcha e os shows no anfiteatro. Segundo o comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva da Área Metropolitana (CRPO), coronel Gerson Nunes Pereira, 210 policiais e 23 veículos vieram do Interior para reforçar a segurança.
Oded Grajew, um dos integrantes do comitê organizador, fez questão de destacar que o encontro aumentará a geração de recursos na cidade durante o período do evento. Segundo ele, governadores e prefeitos de vários Estados estão se candidatando para sediar o fórum. Disse ainda que a realização do FSM no Brasil é uma homenagem às forças brasileiras que combatem o neoliberalismo e, particularmente, a Porto Alegre.
Os organizadores ressaltaram ainda que não será editado um documento final do encontro, mas disseram que documentos independentes podem ser produzidos. A intenção, segundo eles, é definir um consenso sobre campanhas que seriam levadas adiante pelas organizações não-governamentais reunidas no Fórum.
Agência RBS